Crash, de J.G. Ballard, é um livro que explora a alienação do ser humano em um ambiente de extrema tecnologia. O livro foi escrito em 1973 e aborda um tema pouco comum para a época: a relação do homem com o carro. Ballard utiliza a cartãõ, o simbolismo e a metáfora para questionar tanto a cultura de excessos da década, como a tecnologia que dividia as atenções do homem de forma quase patológica.

O livro se passa em uma era onde o melhor amigo de um homem é seu carro, onde as principais aspirações da vida se tornam “a beleza do cromo e a adrenalina do movimento”, segundo o prólogo do livro. A obra mostra como a tecnologia está distanciando os seres humanos e tornando-os cada vez mais solitários, ao mesmo tempo que os aproxima de uma morte violenta logo a frente.

Ballard utiliza a metáfora do acidente para ilustrar a relação distorcida do homem com a tecnologia: os personagens das histórias são atraídos por acidentes e utilizam incidentes trágicos como forma de se relacionar. A tecnologia é o ponto de encontro desses personagens, e o acidente é a forma que eles encontram de viver em comunidade.

O simbolismo e a alienação são outras características marcantes dos livros de Ballard. Ele utiliza a simbologia do carro e da tecnologia para representar a alienação do homem perante a sociedade. O carro, que um dia foi símbolo da liberdade do homem, agora é visto como forma de isolamento. A tecnologia que devia unir as pessoas, as distancia cada vez mais.

Outra característica evidente nos livros de Ballard é sua visão de uma sociedade distópica onde os valores humanos são perdidos e a tecnologia é a protagonista. Ele enxerga o futuro como um lugar onde as pessoas se relacionam apenas com as máquinas e as emoções humanas são suprimidas. Nesse contexto, a arte e a poesia são formas de resistência.

Em Crash, a arte da colisão se torna a representação máxima da beleza humana e a distopia apresentada por Ballard se torna a nova realidade. O veículo é o principal símbolo dessa nova realidade e, conforme a tecnologia avança, ele se torna cada vez mais importante para a humanidade.

Em resumo, as obras de J.G. Ballard são uma crítica ferrenha ao excesso da tecnologia e uma visão apocalíptica do futuro. O simbolismo e a alienação são marcas essenciais dos livros do autor e representam a perda da liberdade humana em um só mundo onde a tecnologia impera.